25 agosto, 2007 ♥ Introdução ao inferno astral
Parece que é só mais um daqueles dias de "mean reds" como diria a personagem de Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo", ou três TPMs tardias exprimidas em vinte e quatro horas mas infelizmente não é nada disso. É o cosmos pregando peças. No instante que passa da meia-noite e a madrugada já dá indícios que o dia por vir será um saco, por favor, não ignore os sinais. O dia simplesmente promete ser ruim. Pra piorar, a porra do despertador do celular dispara às 7h da manhã - depois de seis horas de sono - e quando você acha que o sono vai criar vergonha na cara e dar o ar da graça outra vez, alguém simplesmente abre a porta do recinto e manda que você levante (menos de uma hora depois da porra do despertador disparar).

O mar não está para peixe assim como as pedras não estão para o escorpião. Seria um inferno astral dois meses antes do previsto? Não, é apenas uma introdução e o andamento do dia que você mais queria ter passado o dia apenas reafirma isso das maneiras mais esdrúchulas possíveis e tudo começa um dia antes. Xingamentos desnecessários que magoam e isso ameaça despertar uma raiva que por tanto tempo estava adormecida, pessoas que forçam dizeres como "viu? eu disse que não daria certo" a sair da sua boca e acabam ficando bravas com você por ter razão e não por terem errado, mais xingamentos desnecessários por certas pessoas não aceitarem que não são donas da SUA verdade por serem mais velhas que você. Na primeira hora da madrugada, uma certa conversa chateia os ânimos mais do que deveria e você vai dormir com dor de cabeça.

Então, depois de seis horas de sono - nem isso - a porcaria do despertador do celular dispara. O criado-mudo é tateado insistentemente por uma mão que sai de um montinho de cobertas, sem sucesso porque a porra do aparelho encontra-se do outro lado do quarto. A dor de cabeça agrava mesmo depois de quase ter tirado a bateria do celular e o sono, ao invés de dar as caras depois de deitar-se novamente, fica lagarteando e rindo da sua cara à lá distance. Quando este resolve que é hora, alguém abre a porta do quarto e manda você levantar sem dizer porquê. Vinte minutos de conversa (pausa: odeio falar assim que acordo) e você acaba por descobrir porquê raios queriam que levantasse da cama, pelo menos não é tarde demais. E o sono ali de novo, gargalhando e apontando pro seu nariz. Deita na cama e fica com os olhos grudados no teto - a risada do sono, a essa altura do campeonato, é de vilão de desenho animado - por mais de uma (!!!!) hora. Como se a dor de cabeça não trouxesse cansaço o suficiente, você acaba ficando mais cansado ainda de ficar deitado e levanta, vai até a janela e acende um cigarro.

Dois míseros cigarros na carteira. Corre até a cozinha, já sentindo o gosto do leite com nescau misturado com cigarro. Alguém, por favor, sabe onde foi parar a dúzia de caixas de leite integral? Ah, não tem mais? Beleza. "Ainda bem que comprei Toddyinho". Abre a geladeira... Praticamente vazia. Duas fatias de queijo velho, presunto mofando há duas semanas na gavetinha de frios, um pote de margarina acabando, gaveta de verduras vazia, duas garrafas de água que certamente atrairiam o mosquito da dengue se não estivessem muito bem escondidas e tampadas. "Oba, ganhei uma H2OH! de limão com bergamota ontem", só que deve ter sido em sonho porque a dita cuja sumiu da geladeira. Mas que diabos... Eis que, ao olhar em volta, se dá por conta do cúmulo da solidão: tem margarina e não tem pão. Mais de dez minutos perdidos e o cigarro lá no cinzeirinho, esperando a sua volta. Corre, já que não tem nescau ao menos tem cigarro! ... Nem isso tem mais. Frustrante. Pega o outro cigarro, o último dos moicanos, e acende. Ao contrário, mas acende. Destino final: lixo. Vinte minutos depois, volta na cozinha: queijo novo - o presunto continua ali, pote de margarina cheio, pães quentinhos, garrafinhas de água sem gás novinhas, gaveta das verduras cheia e (morra): doze caixas de leite. Mas nem sinal da água e do Toddyinho.

Depois de irritar-se um pouco com o acontecido, olhe em volta. Já que está fora da cama às 8h, o que tem de útil pra fazer? Cálculo estequiométrico e trigonometria, oras bolas. Estuda, porque ambos serão necessários daqui a alguns meses. Depois do centésimo cálculo errado você começa a se perguntar como conseguiu passar em química e teme não passar em matemática. Uma hora depois e acerto de contas com seno, cosseno e tangente + mols, larga polígrafos e livros didáticos e procura pelo pocket que está dentro da bolsa. Lê tudo outra vez e pára exatamente onde havia parado anteriormente. Desiste da leitura cansativa pois a dor de cabeça resolve não te deixar em paz e resolve assistir um filme. VHS é coisa do diabo, ainda mais VHS velha. Liga o DVD, hora de apelar para George Peppard e Audrey Hepburn (de novo). Decora mais algumas falas do filme e resolve abrir as persianas. Dia cinza, ou querendo acinzentar. Prepara um ritual bonito pro banho, leva sabonete novo pro banheiro e o rádio, e tenta lembrar onde enfiaram o shampoo e o condicionador.

Lixo. Ambos os frascos (não necessariamente cheios) no lixo. Tira e joga na pia, abre a torneira e deixa correr a água quente. Passa um pano com álcool e põe dentro do box. Liga o rádio... Não funciona. Diacho! Tira a roupa, vai pra debaixo d'água e toma um cagaço bonito com a água fria (isso sem contar no banho congelante que não faz nada bem pro estado capilar. Pega o frasco do shampoo... Vazio. Condicionador... Vazio também. Mas que inferno! Sai do banho-que-virou-ducha e se veste o mais rápido que pode, resolve ir pra frente do computador. Ao menos, em algum momento, as coisas precisavam melhorar.

Ao sentar a bunda na cadeira, você finalmente percebe o quão de mau humor está e que a vontade de mandar o mundo à merda é bem maior do que se pensava. E que a fome está pegando pesado mas como você foi criticada na noite anterior por ter almoçado na sua própria casa, resolve retirar este afazer da sua lista. E fica ali, sendo uma chata varada-de-fome com a pessoa amada, cortando outras a torto e direito sem sentir um pingo de culpa e enfim... Desconta as primeiras frustrações do dia em quem não tem nada a ver com o pepino. Favor grudar um post-it num lugar visível avisando para não fazer mais isso, ok? Pro seu próprio bem. Resolve tentar tomar banho de novo, porque banho é uma coisa que relaxa e antes de ir na farmácia, pede que a empregada leve o cachorro pro banho no veterinário que fica a menos de duas quadras da sua casa. E vai pro banho, bem faceira.

Volta pra casa e vai direto pro banho, saindo meia hora depois completamente relaxada, e vai pro quarto. Se veste e lagarteia na internet mais um pouco. Amiga avisa que sai da lan e vai direto pra sua casa. Ok. Eis que hell freezes over: o cachorro late. Sai de roupa íntima do quarto pra ver o cachorro, ainda fedido, parado te olhando com cara de mongo e a empregada avisa que eles não tinham mais hora pra hoje. Atira no corpo a primeira roupa que encontra sem se preocupar muito, amarra o cabelo do jeito que dá pra não secar, enfia a coleira no bicho e sai troteando pra não atrasar. Ou pelo menos tenta, antes disso um abajur de estimação precisa ir ao chão e quebrar. Chega no veterinário e pergunta pra moça do balcão se tem horário e ela diz que sim. Pegadinha, né?

Realmente, pegadinha. Volta pra casa correndo, quase leva um tombo no meio da rua graças ao salto escorregadio, termina de se arrumar. Tudo indicava que o cosmos daria uma trégua, mas o exato oposto acontece. A pessoa amada liga, mas a ligação tá um caos que deixa a Faixa de Garza no chinelo. E liga de novo, mas aquele toque do celular se torna mais irritante do que o disparo do despertador e volta a vontade de jogar o aparelho de telefonia móvel contra a parede "só pra ver o que acontece". E de novo. E você continua sem ouvir porcaria alguma além de ruídos. Cogita sentar pra jantar, mas lembra que o almoço foi vetado e a janta também precisa ser. Ah, mas antes de forrar o estômago é preciso buscar o cachorro no veterinário. Termina de se arrumar mais-ou-menos e você e sua amiga saem de casa. Ela te espera na portaria e você leva o cão em casa pra depois irem jantar.

Cativa mesa sete tomada por dois sedentários do caramba que ficavam um olhando pra cara do outro, e eu jantando um sanduíche de presunto light (com pão branco, tô com aversão a pão de centeio) com o prato no colo e SEM o azeite turbinado. Compra uma carteira de cigarros nova, edição limitada do Carlton vermelho com pegadinhas de passos de dança. Os dois sedentários saem da mesa e um protótipo de Adam Levine senta na mesa. Ai Jesus, por que HOJE?! Come e manda ver numa torta, no mínimo um momento de paz é necessário. E vai pra outro lugar pro resto do pessoal poder comer. Nesse instante, a cabeça já começa a cogitar ficar em casa e dormir tudo o que não conseguiu dormir o dia inteiro pra poder acordar melhor e seguir os conselhos do coraçãozinho. Impossível desmarcar de última hora. Vai pra casa da amiga pra ela tomar banho e senta na sacada pra fumar, e o celular dispara; amado ligando. Três coisas boas: ligação finalmente raozoável bem no instante que a chuva aperta, a única concentração de açúcar que adoçou o dia e um presente de aniversário com dois meses de antecedência em forma de cinco ou seis voltas em uma garagem com um roller nos pés. Sim, você praticamente tem que voltar a ser criança pra tudo melhorar.

No bar, com os amigos, a coisa não melhora mesmo entrando de graça. Mau humor fodido que acaba impedindo a festa de ser boa e outras coisas dispensáveis como besteirol alheio e cervejas esparramadas na mesa depois de uma tentativa de retirar o rótulo de uma Heineken. E a noite se arrasta, e você queria estar mesmo com a única pessoa que faria um bem maior, não lá. Dói a saudade. Aperta a garganta. Comentários com outra amiga sobre detestar a sensação de estar com "os pés no chão", sem a mínima vontade de sair pulando e saracoteando feliz pela pista afora e com vontade de dar um rumo na porra da vida. Hora de ir embora? Chuva e chuva. Mas é bom, ainda que isso resulte num resfriadinho em breve. Sombrinha capenga. Chega em casa, elevador tranca no quinto andar depois sobe até o nono e desce pro térreo de novo e não sobe até o seu andar que é mais perto do último do que do primeiro.

CÉUS, PEGADINHA, NÉ? O cosmos está de brinks comigo há dois dias, não é possível. Subir de escadas, então. E volta pra portaria ao chegar no quinto andar por causa de uns três morcegos filhos da puta assombrando as escadas que dão pro sexto andar. Pega elevador, desce no nono e sobe as escadas. Entra em casa com o maior cuidado pra não fazer o cachorro latir. Ele late. Chaveia a porta, tira as botas. Nada de ruim pode acontecer agora, sã e salva. Na biblioteca, pisa primeiro num cocô, depois numa barata e depois num vômito; desvia do mijo por estar 100% sóbria. A-do-rá-vel. Entra no quarto, duas borboletas-bruxa sobrevoando o abajur quebrado que passou a noite ligado. Corre até o banheiro pra pôr pijama, deixa a porta do quarto aberta. Às escuras, pisa numa das bruxinhas e depois na outra. Lava os pés de novo, joga a meia limpa no cesto de roupas pra lavar e põe chinelo. Senta na frente do computador e resolve relatar o inferno astral que começou um mês antes do previsto, mas antes lê o horóscopo: "(...)Este é um momento bem "pé no chão", em que a consciência é chamada a dar atenção às coisas práticas: sua saúde, sua alimentação, contas, a organização do lar e do trabalho, por exemplo (...). Realmente, cosmos filho de uma égua. Voltando à vaca fria da introdução ao inferno astral, notei que lá pela metade desse post faltava algo... Ah, música! Claro!

Tira as caixas de som do mudo, e o que começa a tocar no winamp exatamente no mesmo instante?

" because you had a bad day you're taking one down, you sing a sad song just to turn it around. you say "you don't know", you tell me "don't lie", you work on a smile and you go for a ride. you had a bad day, the camera don't lie: you're coming back down and you really don't mind. you had a bad day, you had a bad day. "


daniel powter · bad day.

Hvem jeg er
det pike!
bibiana, também conhecida por biba, bee, beebz, baderneira, bê, babe. vinte e uma primaveras, assopra dentes-de-leão dia vinte e quatro de outubro. escorpiana com ascendente em peixes, diverte-se demais com as metáforas astrológicas do horóscopo do zh. nascida e criada em santa maria (rs) mas seu local espiritual são as praias do norte da noruega. (mais em breve.)

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